Estar com alguém e não saber com quem! é um sentimento não muito comum, mas que por vezes, por capricho dos dEUSES, ou por simples problema de expressão - entenda-se por problema de expressão a dificuldade em arquitectar ou veicular uma mensagem, que, sendo ela oral, ou gestual, ou de outro qualquer tipo, consiga transmitir fielmente a ideia original de quem a concebeu -, ou falta de comunicação - entenda-se aqui, agora, de algum modo, a ausência de uma, ou ambas, ou as várias pessoas (não uma ausência física mas um distanciamento sentimental, ou só mental) -, coloca pessoas em lugares tão longínquos e tão inacessíveis que nem a melhor das vontades nem o mais puro dos afectos conseguem trazer de volta.
"Quem És Tu, de Novo"
Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?
Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?
As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga
Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?
Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?
Jorge Palma